sábado, 3 de julho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Foi tornando-se também, um mascarado sem instrução de si; um palhaço que não sabia; um inocente culpado.
Tornou-se então, um nostálgico pelo que não havia de conhecer; um saudoso pelo que, de fato, perdera. Tudo isso, sem congruência, maquiou o ser com uma alegria supérflua. Isso tudo, contraditoriamente, foi fazendo dele um palhaço com necessidade de se expor, comunicar o que não era.
Porém, sentir-se amado era admitir-se a si mesmo na maquiagem do Palhaço, que não o era. Aquele ser se via amado como se fosse outro ser. Foi aí que o Palhaço não mais conteve suas lágrimas. Aquele ser chorou. Forjadamente amado, o palhaço-triste se doía por inteiro. Quem o deu a fama lhe virava as costas, pois nem sequer o reconhecia em meio a enchente dos seus olhos, que faziam borrar a sua perfeita maquiagem. O ser doía-se solitariamente.
Classificado: Palhaço.
E, sem dúvida Triste.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Não sei se gosto ou se me acostumei com a minha condição, mas sair de casa se tornou um grande desafio, uma épica aventura homérica. Talvez o maior problema não seja ser notado, mas sim não me sentir fuzilado e nu, diante de tantos carrascos.
Quem sabe o mundo não esteja preparado para mim. Seria uma conveniente desculpa e uma eloqüente verdade com a qual eu viveria sem dificuldade – minha cadeira de rodas –, mas me faria continuar nesse movimento perpétuo.
Tenho por amargos os dias em que forçava o sorriso e desejava bom dia aos familiares estranhos de sempre. Agora, quero que me vejam, que me toquem, que possam distinguir meus oceanos profundos de minhas marés baixas, meus movimentos mais delicados sem que eu diga palavra qualquer.
Foi difícil manter minha cabeça aberta e aceitar o que eu sou, minha função nas engrenagens de tudo, meu super poder. Achei que produzia sorrisos e descobri que apenas dava-lhes os meus. Quis crer que no centro do palco me veriam, mas nenhum deles quis enxergar alguém além de tantas cores e piadas.
O disfarce perfeito para minha melancolia; de tanto o vestir me vi preso nele. Não tenho as chaves da cela que criei, me internei voluntariamente e não me deixam mais sair.
Dei todos os sorrisos que tinha e já não me resta muita coisa. Um bocado de lembranças, roupas velhas guardadas em gavetas, sapatos que nunca me serviram e um maço de cigarros. Quem dera quisessem partilhar um pouco de minhas angústias também.
Se eu fosse poeta saberia como me defender, mas sou só mais um palhaço triste a se repetir.
Autor: Raphael Rocha
Participante do Choro do Palhaço.
Autor do Blog: http://noneedforinnocence.blogspot.com/
Autor: Lucas Lisieux
Alguém me disse que você
perguntou por mim.
Queria saber como estou?
Eu estou assim:
do jeito que você me deixou.
Como um triste palhaço,
que a ninguém consegue divertir;
que acaba causando embaraço
na criança que não pôde sorrir.
Como num circo vazio
meu coração-domador
tenta vencer esse desafio:
reconquistar a platéia do amor.
Depois de você,
não me acertei com ninguém.
Sabe por quê?
Só você me faz bem!
Autor: Hernany Tafuri
domingo, 23 de maio de 2010
O Cenário Antecedente
Em certo dia comum, em horário comum, em lugar comum, observávamos pessoas comuns. Foi aí que, como um raio que cai em uma tempestade, percebemos que alguns indivíduos não tão comuns, se destacavam. Não digo do destaque comum que os tidos como os mais bonitos, ou os mais elegantes, ou os com os corpos mais esculturais recebem, e sim do destaque “engraçado” que alguns obtinham. Os menos padronizados e, portanto menos comuns, eram motivos das risadas alheias. Isso também era comum.
Dessas breves observações perfeitamente comuns, enquanto escutava o álbum “O Grande Circo Místico” de Chico Buarque e Edu Lobo, notei que estava prestes a dar a luz ao que, dias depois, intitulei de: O Choro dos Palhaços.
O Choro dos Palhaços
Então, não consegui mais dormir antes de vislumbrar, ainda que só em pensamentos, a realização do Projeto. A idéia inicial consiste em uma exposição criada por pessoas comuns brincando de artistas (ou artistas brincando de pessoas comuns) com o tema: Palhaços Tristes.
E então?
Após a reunião de um bom número de material criado por palhaços-tristes ou por simpatizantes da idéia, a exposição será realizada além do mundo virtual. Neste dia, armaremos o circo, e palhaços-tristes recitarão poesias, cantarão, dançarão e colocarão seu discurso em pauta para quem queira ver e ouvir. Será o Choro do Palhaço.
Mas, Pra que?
Para impactar e gerar reflexão do respeitável público.
Por meio da exposição, e do grito do Palhaço Triste, pretende-se fazer com que os participantes artistas ou não, reflitam sobre o seu cotidiano como suporte para o árduo processo de auto-reconhecimento do seu Palhaço-Triste e do alheio.
Finalmente, objetiva-se transformar o Choro triste do Palhaço em lagrimas de alegria e aceitação de quem ele é independente de maquiagem ou nariz vermelho.
Quem pode participar?
Como fazer parte?
Entre em contato comigo através do email thobila_gabriela@hotmail.com ou mesmo por meio do Blog do Projeto WWW.palhacostristes.blogspot.com .
Thobila Gabriela de Lima Costa ou também conhecida como Yeruska...
Quem são vocês Palhaços Tristes?
Sei que são vários. Sei que possuem diversos tamanhos e formatos. Sei também que muitos de vocês, se escondem. Ou nem sequer possuem consciência de que fazem parte desse picadeiro.
Convivemos todos os dias com um turbilhão de idéias que sistematicamente nos são impostas. Cabem a nós, meros mortais, na maioria das vezes aceitarmos. Sem muito questionarmos, rapidamente nos acostumamos com a padronização de comportamentos, de vestuários, de alimentação, de credos e crenças e até mesmo da “beleza”.
Ai do sujeito que não se enquadrar neste padrão que nos é ditado.
A nossa sociedade além de ser consumista, é geradora de incontáveis resíduos. Resíduos estes, que muitas vezes são pessoas, que como não se podem simplesmente serem jogadas em uma lixeira comum, são marginalizadas e/ou viram Palhaços- Tristes.
Palhaços-Tristes que precisam se maquiar e colocarem um nariz vermelho, para conseguirem se sentirem aceitos. Palhaços que, muitas vezes, pela simples presença, são geradores de diabólicas risadas alheias. Felizes e aceitos por fora, mas, por dentro a não aceitação consigo e a recorrente Tristeza.
Cada vez que reparava no espelho, e no brilho já se apagando dos seus olhos, sentia uma compressão no peito e na alma.
Todos a desconheciam sem aquela maquiagem, e sem o seu habitual nariz de palhaço. Até ela era sua desconhecida.
Talvez seu erro fosse o excessivo sonhar...
A palhaça do espelho ao encontrar uma lona, se deslumbra, faz daquilo um picadeiro e anuncia aos quatros cantos o espetáculo utópico que está a construir...
E faz planos, se inquieta... Traça rotas e convida artistas...
No dia esperado, depois de tanto anunciar e o circo levantar o inesperado ocorreu.
Ninguém compareceu.
Nem artistas, nem palhaços, nem amigos. Nenhum publico.
Do seu bolso ela tira um pequeno espelho, e percebe que não sabia se havia de rir porque nada era propriamente engraçado. Ao contrario.
Tampou seu rosto com as mãos envergonhada, sentindo suas bochechas corarem.
Refletiu e percebeu que fez de uma velha lona um espetáculo, faz dela sua maior alegria e de repente sua maior tristeza.
Ela olhava o espelho, seus sonhos estavam ali, contidos... Seus olhos se alargavam misteriosos.
_Por que não existir espetáculo se eu estou aqui?
Foi aí que a palhaça triste do espelho, finalmente sorriu...